sábado, 31 de outubro de 2009

Meus Poemas Preferidos, Por Poetizas

É inqüestionável a importância da mulher para a poesia. Afinal, quantos poemas não foram feitos e dedicados "a mulher amada" ao redor do mundo? Sim, a poesia mundial deve muito a essas inúmeras musas.

As vezes sinto falta da mulher com a caneta, como autora! Devido a fatores sociais, demorou para que o talento feminino fosse reconhecido nesta área assim como em muitas outras.

A alma feminina, que é dotada de muita beleza, inteligencia, e sensibilidade criou trabalhos incríveis que agora estão começando a receber o devido reconhecimento. E o futuro parece promissor.

Abaixo, meus 8 poemas preferidos, por poetizas.

NUMERO 8 - Sonetos Traduzidos do Português #43 - Elizabeth Browning

Para começar, esse famoso poema do livro Sonetos Traduzidos do Português de Elizabeth Browning. Elizabeth, italiana, para manter a sua privacidade e a de seu marido, escolheu fantasiar seu livro de poemas como um livro de tradução de poemas estrangeiros. Seu marido, o também poeta Robert Browning, acreditava que essa obra era a melhor desde as obras de Shakespeare!



Como te amo? Deixa-me contar de quantas maneiras.
Amo-te até ao mais fundo, ao mais amplo
e ao mais alto que a minha alma pode alcançar
buscando, para além do visível dos limites
do Ser e da Graça ideal.


Amo-te até às mais ínfimas necessidades de todos
os dias à luz do sol e à luz das velas.
Amo-te com liberdade, enquanto os homens lutam
pela Justiça;

Amo-te com pureza, enquanto se afastam da lisonja.
Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
e com a fé da minha infância.

Amo-te com um amor que me parecia perdido - quando
perdi os meus santos - amo-te com o fôlego, os
sorrisos, as lágrimas de toda a minha vida!
E, se Deus quiser, amar-te-ei melhor depois da morte.


NÚMERO 7 - Amar! - Florbela Espanca

Continuando a lista, esse lindo poema da portuguesa Florbela Espanca ( ela fará mais aparições por aqui). Florbela teve uma vida curta, cheia de turbulências e sofrimentos internos, que a autora soube transformar em poesia do mais alto escalão, carregada de sentimento, feminilidade, e erotismo.

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por am
ar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprend
er? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-l
a assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha n
oite uma alvorada,
Que me saiba perder...pra me encontrar...

NÚMERO 6 - Pedaços de Mim - Martha Medeiros

Martha Mederiso é uma jornalista e escritora contemporânea brasileira. Ainda publica muitos dos seus trabalhos.


Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes de
spercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas n
o coração
atos por i
mpulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu so
u
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que n
ão cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivend
o e aprendendo.



NÚMERO 5 - Os Versos Que Te Fiz - Florbela Espanca

Mais um da Florbela! Esse é lindo.

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm a dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!



NÚMERO 4 - Separaçao - Anna Akhmátova

Anna foi uma poeta russa que teve a vida marcada pela opressão do regime soviético. Viu seu marido ser executado pelo governo. Sua escrita é marcada pela clareza, precisão, e potencia.



Nem semanas nem meses - anos
levamos nos separando. Eis, finalmente,
o gelo da liberdade verdadeira
e as cinzentas guirlandas na fachada dos templos.

Não mais traições, não mais enganos,
e não me terás mais de ficar ouvindo até o amanhecer,
enquanto flui o riacho das provas
da minha mais perfeita inocência.



NÚMERO 3 - A Esperança é a Coisa Com Penas - Emily Dickinson

Emily Dickinson foi uma poetisa americana, que apesar de muito prolifica, viveu uma vida de grande reclusçao e solidão. Tudo o que sabemos dela foi descoberto através de suas correspondência. Escreveu mais de 1800 poemas.

A esperança é aquela coisa com penas -
Que na alma se empoleira -
E canta uma cantiga sem palavras -
E nunca pára - nunca –

E mais doce - na Tormenta - a ouvimos -
E precisava o vento ser poderoso -
Para afligirir a Avezinha
Que a tantos aqueceu –

Ouvi-a na mais gelada terra -
E no mais estranho mar frio -
Mas nem no Cabo mais Extreme
Uma migalha minha me pediu –

NÚMERO 2 - Você Escutará Trovão - Anna Akhmatova

Mais um de Anna. Esse poema é marcado por sua potência e força. Merece o segundo lugar

Você escutará trovão e lembrará de mim,
e pensar: Ela queria tempestades. O arco
do céu vai estar da cor de sangue
e o seu coração, como antes, esta
em chamas.

Aquele dia em Moscow, tud
o vai se concretizar,
quando pela ultima vez, eu partir,
para as alturas que sempre almejei,
deixando minha sombra com você.



sexta-feira, 30 de outubro de 2009

NÚMERO UM! - Versos de Orgulho - Florbela Espanca

O grande campeão. Não poderia ser outro. Um poema tão forte, tão potente, tão MULHER.

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.

Porque o meu Reino fica para além...
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus!
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!

O mundo? O que é o mundo, ó meu Amor?
-- O jardim dos meus versos todo em flor...
A seara dos teus beijos, pão bendito...

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...
-- São os teus braços dentro dos meus braços,
Via láctea fechando o Infinito.